A dor é companheira
De todos os encarnados
Não importa a condição
Do mais rico ao deserdado
Conforme o merecimento
Recebe o seu sofrimento
A cada caso adaptado
Deus é justiça e bondade
Sabe a exata medida
Daquilo que precisamos
Passar nas nossas vidas
Dá a cada um sua cruz
Com ela o ser se conduz
Por mais que seja sofrida
Conforme nossas obras
Nossas vidas e ações
Cada um vai recebendo
Sua quota de lições
Que tem por finalidade
Conquistar maturidade
Melhorando os corações
Lições em forma de dor
É o que nós recebemos
Não pode ser diferente
Se ainda não entendemos
Por métodos mais sutis
Somos ainda infantis
É como nós aprendemos
Há dores grandes, heroicas
Com direito a gratidão
Dores ardentes gritantes
Dignas de admiração
Um sentido de grandeza
Ganham ares de nobreza
E até condecoração
Essas são dores de luxo
Relevantes, destacadas
Mas existem dores pobres
Obscuras, condenadas
Sem consolo ou piedade
Só fraqueza, enfermidade
Humilhantes, deserdadas
Antes, provocam o riso
Desprezo, ódio e terror
Insulto e indiferença
Sofrimento e amargor
Repúdio e humilhação
Indiferença e aflição
Tristeza e desamor
Existe a dor do culpado
E a dor do inocente
A nobre dor do sábio
E a nossa sempre ardente
A dor do outro é pequena
Exagero, pura cena
Afinal, não dói na gente!!
Existem dores sutis
Discretas silenciosas
Que matam a alma por dentro
Como porção venenosa
Que solvida pouco a pouco
Mesmo preservando o corpo
Leva à morte dolorosa
A terra é uma escola
Sob a direção divina
Todos que estão aqui
A ela se subordina
Disse o Nosso Senhor:
Se não aprender pelo amor
Aprenderá pela dor
Um ou outro vos ensina
▬ Antonio Borges, novembro de 2017